segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Vou-me embora para o passado...



Vou-me embora pro passado
Lá sou amigo do rei
Lá tem coisas "daqui, ó!"


Roy Rogers, Buc Jones
Rock Lane, Dóris Day
Vou-me embora pro passado.

Vou-me embora pro passado
Porque lá, é outro astral
Lá tem carros Vemaguet
Jeep Willes, Maverick
Tem Gordine, tem Buick
Tem Candango e tem Rural.

Lá dançarei Twist
Hully-Gully, Iê-iê-iê
Lá é uma brasa mora!
Só você vendo pra crê


Assistirei Rim Tim Tim
Ou mesmo Jinne é um Gênio
Vestirei calças de Nycron
Faroeste ou Durabem
Tecidos sanforizados
Tergal, Percal e Banlon
Verei lances de anágua
Combinação, califon
Escutarei Al Di Lá
Dominiqui Niqui Niqui
Me fartarei de Grapette
Na farra dos piqueniques
Vou-me embora pro passado.

No passado tem Jerônimo
Aquele Herói do Sertão
Tem Coronel Ludugero
Com Otrope em discussão
Tem passeio de Lambreta
De Vespa, de Berlineta
Marinete e Lotação.

Quando toca Pata Pata
Cantam a versão musical
"Tá Com a Pulga na Cueca"
E dançam a música sapeca
Ô Papa Hum Mau Mau
Tem a turma prafrentex
Cantando Banho de Lua
Tem bundeira e piniqueira
Dando sopa pela rua
Vou-me embora pro passado.

Vou-me embora pro passado
Que o passado é bom demais!
Lá tem meninas "quebrando"
Ao cruzar com um rapaz
Elas cheiram a Pó de Arroz
Da Cachemere Bouquet
Coty ou Royal Briar
Colocam Rouge e Laquê
English Lavanda Atkinsons
Ou Helena Rubinstein
Saem de saia plissada
Ou de vestido Tubinho
Com jeitinho encabulado
Flertando bem de fininho.

E lá no cinema Rex
Se vê broto a namorar
De mão dada com o guri
Com vestido de organdi
Com gola de tafetá.

Os homens lá do passado
Só andam tudo tinindo
De linho Diagonal
Camisas Lunfor, a tal
Sapato Clark de cromo
Ou Passo-Doble esportivo
Ou Fox do bico fino
De camisas Volta ao Mundo
Caneta Shafers no bolso
Ou Parker 51
Só cheirando a Áqua Velva
A sabonete Gessy
Ou Lifebouy, Eucalol
E junto com o espelhinho
Pente Pantera ou Flamengo
E uma trunfinha no quengo
Cintilante como o sol.

Vou-me embora pro passado
Lá tem tudo que há de bom!
Os mais velhos inda usam
Sapatos branco e marrom
E chapéu de aba larga
Ramenzone ou Cury Luxo
Ouvindo Besame Mucho
Solfejando a meio tom.

No passado é outra história!
Outra civilização...
Tem Alvarenga e Ranchinho
Tem Jararaca e Ratinho
Aprontando a gozação
Tem assustado à Vermuth
Ao som de Valdir Calmon
Tem Long-Play da Mocambo
Mas Rosenblit é o bom
Tem Albertinho Limonta
Tem também Mamãe Dolores
Marcelino Pão e Vinho
Tem Bat Masterson, tem Lesse
Túnel do Tempo, tem Zorro
Não se vê tantos horrores.

Lá no passado tem corso
Lança perfume Rodouro
Geladeira Kelvinator
Tem rádio com olho mágico
ABC a voz de ouro
Se ouve Carlos Galhardo
Em Audições Musicais
Piano ao cair da tarde
Cancioneiro de Sucesso
Tem também Repórter Esso
Com notícias atuais.

Tem petisqueiro e bufê
Junto à mesa de jantar
Tem bisqüit e bibelô
Tem louça de toda cor
Bule de ágata, alguidar
Se brinca de cabra cega
De drama, de garrafão
Camoniboi, balinheira
De rolimã na ladeira
De rasteira e de pinhão.

Lá, também tem radiola
De madeira e baquelita
Lá se faz caligrafia
Pra modelar a escrita
Se estuda a tabuada
De Teobaldo Miranda
Ou na Cartilha do Povo
Lendo Vovô Viu o Ovo
E a palmatória é quem manda.

Tem na revista O Cruzeiro
A beleza feminina
Tem misse botando banca
Com seu maiô de elanca
O famoso Catalina
Tem cigarros Yolanda
Continental e Astória
Tem o Conga Sete Vidas
Tem brilhantina Glostora
Escovas Tek, Frisante
Relógio Eterna Matic
Com 24 rubis
Pontual a toda hora.

Se ouve página sonora
Na voz de Ângela Maria
"— Será que sou feia?
— Não é não senhor!
— Então eu sou linda?
— Você é um amor!..."

Quando não querem a paquera
Mulheres falam: "Passando,
Que é pra não enganchar!"
"Achou ruim dê um jeitim!"
"Pise na flor e amasse!"
E AI e POFE! e quizila
Mas o homem não cochila
Passa o pano com o olhar
Se ela toma Postafen
Que é pra bunda aumentar
Ele empina o polegar
Faz sinal de "tudo X"
E sai dizendo "Ô Maré!
Todo boy, mancando o pé
Insistindo em conquistar.

No passado tem remédio
Pra quando se precisar
Lá tem Doutor de família
Que tem prazer de curar
Lá tem Água Rubinat
Mel Poejo e Asmapan
Bromil e Capivarol
Arnica, Phimatosan
Regulador Xavier
Tem Saúde da Mulher
Tem Aguardente Alemã
Tem também Capiloton
Pentid e Terebentina
Xarope de Limão Brabo
Pílulas de Vida do Dr. Ross
Tem também aqui pra nós
Uma tal Robusterina
A saúde feminina.

Vou-me embora pro passado
Pra não viver sufocado
Pra não morrer poluído
Pra não morar enjaulado
Lá não se vê violência
Nem droga nem tanto mau
Não se vê tanto barulho
Nem asfalto nem entulho
No passado é outro astral
Se eu tiver qualquer saudade
Escreverei pro presente
E quando eu estiver cansado
Da jornada, do batente
Terei uma cama Patente
Daquelas do selo azul
Num quarto calmo e seguro
Onde ali descansarei
Lá sou amigo do rei
Lá, tem muito mais futuro
Vou-me embora pro passado



Jessier Quirino

"No rastro da Bandeira de Manuel"

sábado, 15 de outubro de 2011

Minha vida, minha música


No alto.
Nessa ponta de bailarina olho tudo e não reconheço mais...
Acho que só agora eu vi o quando tinha deixado minha vida passar nesse balé da minha vida.
Aos saltos macios eu vi as pessoas dançando na minha frente, sendo felizes e eu aqui, apensa olhando, não dançando...apensa olhando.
E agora me pergunto se essa música que escolheram para mim foi a certa para eu dançar, se eu deveria ter escolhido a minha própria música, ou apenas era para eu ter dançando ela sem nem mesmo me questionar...
A música está acabando e eu ainda aqui no centro do meu palco. Nem mesmo me movi, apensas escutei e olhei para os lados...
O vento passou, o momento da música chegou e me lembrou que essa era a hora de dançar.

Parei a música.

Coloquei a minha música.
Sentei e continuo a observar.

domingo, 9 de outubro de 2011

Quase amor...



Ela disse: "Eu não sei
O que sinto por você
Não quero mais saber
O que você tem a dizer
Agora me deixe em paz
Não tente me entender
Pois pra mim tanto faz
O que ainda pode acontecer"

Mil coisas acontecem ao seu redor
Você não as percebe
Pois não pode distingui-las
Talvez não faça diferença
E o que resta pra você
São somente as coisas
Que você pode suportar
O que podemos suportar?

Não vá pensar que eu chorei por você
Não vá pensar que eu sofri por você
Não vá pensar que um dia amei você

Não vá acreditar, não
Em tudo o que lhe falam por aí
Pois a mentira, um dia ela
Pode lhe ferir

Queria consertar, tudo o que aconteceu
Mas na verdade sei que este erro não foi meu
Eu destilei meu sangue em algo forte
Pra que eu pudesse me sentir melhor
Mas do contrário eu me senti pior
E usei deste artifício pra ocultar a dor
Por ter perdido um quase amor

Não não vá pensar que eu chorei por você
Não vá pensar que eu sofri por você
Não vá pensar que um dia amei você

Eu destilei meu sangue em algo forte
Pra que eu pudesse me sentir melhor
Mas do contrário eu me senti pior
E usei desse artifício pra ocultar a dor
Por ter perdido um quase amor
Por ter perdido um quase amor

Eu que não amo você



Eu que não fumo queria um cigarro,
Eu que não amo você!!
Envelheci dez anos ou mais nesse último mês... 
 
Senti saudade, vontade de voltar,
Fazer a coisa certa: aqui é o meu lugar
Mas, sabe como é difícil encontrar...
A palavra certa, a hora certa de voltar
A porta aberta, a hora certa de chegar...

Eu que não fumo queria um cigarro,
Eu que não amo você!!
Envelheci dez anos ou mais nesse último mês...
Eu que não bebo, pedi um conhaque pra enfrentar o inverno
Que entra pela porta que você deixou aberta ao sair...

O certo é que eu dancei sem querer dançar
E agora já nem sei qual é o meu lugar
Dia e noite sem parar procurei sem encontrar...
A palavra certa, a hora certa de voltar
A porta aberta, a hora certa de chegar...

Eu que não fumo queria um cigarro,
Eu que não amo você!!
Envelheci dez anos ou mais nesse último mês...
Eu que não bebo, pedi um conhaque pra enfrentar o inverno
Que entra pela porta que você deixou aberta ao sair...

EU QUE NÃO FUMO, PEDI UM CIGARRO,
EU QUE NÃO AMO VOCÊ!!
ENVELHECI DEZ ANOS OU MAIS NESSE ULTIMO MÊS...
EU QUE NÃO BEBO QUERIA UM CONHAQUE, PRA ENFRENTAR O INVERNO
QUE ENTRA PELA PORTA QUE VOCÊ DEIXOU ABERTA AO SAIR... 

sábado, 1 de outubro de 2011


O som do vento lá fora só faz perceber que tudo passa...nada é pra sempre, só as lembranças, e essa sim, deixa a gente assim...sem nada, só com lágrimas caindo sem permissão...