sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Um olhar



Em uma tarde calma e com um leve ar rosado, Alice sai com seus livros para a praça perto da sua casa. Todos pensam quando ela passa que desse mundo ela está à passeio, mas que um dia ela se muda de vez para esse mundo sem muita escrita.
Saindo como sempre, leu mais uns capítulos do livro de capa dura com algumas folhas amareladas e deitou na grama verde da praça sempre aconchegante. Lá ela viu alguns navios, tanques de guerra com alguns corações e animais de diversos tamanhos e tipo sobre voando aquele céu agora com um tom mais encarnado.
Quando retorna a abrir os seus olhos, não via mais o encarnado e muito menos o azul anil, e sim o azul escuro da noite que dizia, é tarde e você está atrasada.
Correndo, pegando os seus livros depressa, e colocando a sapatilha vermelha nos pés, dobra a esquina sem nem olhar por onde anda ou por quem passa ela esbarra com um jovem rapaz, não muito alto, nem muito gordo, normal e gentil por ajudar a pegar os livros que caíram com o impacto dos dois. Não era filme, nem novela, muito menos um conto de Jose de Alencar, mas um breve momento foi o que sentiram naquele momento. Com livros em seus devidos lugares, Alice se despede do desconhecido e corre para sua casa.
Ao pisar o terceiro degrau, Alice senta na cadeira de madeira do canto do terraço de sua casa e pensa...
Respira e fecha os olhos por um instante, mas a unica coisa que ela lembrava, eram os olhos castanhos do desconhecido, gentil que lhe ajudara com seus livros instantes antes...Talvez nunca mais o visse, mas seria os olhos mais profundos que já olhara em toda sua pequena existência, pensou a pequena, sentindo algo como Elizabeth sentiu ao olhar os olhos do Sr. Darcy pela primeira vez...


O transe acabou quando sua mãe chamou seu nome...era hora do jantar.
Alice entrou na sua casa com passos sonhadores, comeu sua comida abençoada e dormiu com os anjos e os olhos castanhos daquela tarde desastrosa, mas reveladora de sentimentos.
[continua...]

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